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  • Foto do escritorWesley Bertolai

. O monza desgovernado em frente ao cemitério


. O monza desgovernado em frente ao cemitério



Teve uma vez que Vitor Punk tomou um pau! do Pézão.

É brincadeira, não foi bem assim, mas essa foi a versão mais engraçada e a que mais pegou nas rodas de conversas sobre essa noite.

Assim como a maioria desses rolês, tudo começou enquanto estávamos na Capivara skatepark. Ali, estava eu, o Duh, o Roxixo, e a galera da pista. A gente nem tava andando de skate, apenas estávamos bebendo, e quem usava outras drogas, estava usando. O Vitor logo me ligou, falando que estava com a Cibele, mas ela ia deixar ele no Parque e ia embora, então ele tava afim de dar um rolê pra tomar uma forte. Ficamos então de se encontrar no bar do Torcedor. 

Outro cara que estava ali na pista aquele dia, era o Pézão. Um parceiro nosso, do skate, mas principalmente das cachaças. Ele também tem muita história pra contar na cidade, sempre foi um cara que gosta de farra, mas também, se estressava fácil, então arruma diversas brigas. De qualquer forma, o Pézão, foi um dos caras, junto com o Madruga, que me “ensinaram” a saborear o verdadeiro sabor da cachaça. Esse domínio do saber da rua, era algo parecido com o que aprendi com os mais velhos do sítio sobre cachaça. Enfim, depois que você aprende a saborear os diversos sabores de pingas do nosso Brasil, fica difícil se embebedar tão facilmente.

Aí, chamamos o Pézão pra dar um rolê com nóis, principalmente por fazer anos que não tomávamos umas juntos, pois ele tinha sumido por bastante tempo da pista. Então pegamos o Monza e seguimos em direção ao Parque. Quando chegamos lá no bar, decidimos pegar umas bebidas pra aproveitar o rolê e trocar ideia, hoje, não me lembro exatamente quais foram as bebidas, mas com certeza uma mistura de cervejas e algo forte. Enquanto esperávamos o Vitor aparecer, acendi um cigarro e fiquei falando sobre trabalho com o Pezão. Duh e Roxixo estavam falando sobre música, na época, estavam empolgados com a ideia de tentar montar um grupo ou uma dupla pra tocarem nos bares a noite.

Não demorou muito, o Punk apareceu, e a essa altura, já estávamos todos meio “alegrinhos” por causa da cachaça. A Cibele, trouxe o Vitor até o bar e ali se comprimentamos, mas ela teria que ir embora, ela disse que realmente não ia poder ficar pra tomar uma com a gente. A Cibele sempre foi firmeza, direto acompanhava o Vitor com a gente, nas bebedeiras. Mas enfim, assim que ela foi embora, o Vitor disse que não tava afim de ficar no bar e disse que queria queimar “um”, num lugar mais tranquilo. Não sei porque, mas acabamos decidindo ir lá na frente do Cemitério de Votorantim. Pode ter sido ideia do Pezão, afinal ele mora no Fornazari. De qualquer forma, realmente era um lugar sem movimento nenhum e bem tranquilo a aquela hora da noite.

Não vou negar, o Pézão não parava de falar no carro, naquele dia ele tomou o lugar do Vitor, de o mais chato do rolê, quem disse isso foi o Roxixo, brincando. Então, o caminho até o cemitério foi só ouvindo a voz dele, e o Duh tentando interagir nos assuntos, mas ninguém conseguia acompanhá-lo.

Quando chegamos lá na frente, descemos do carro e eles decidiram acender o baseado, como eu não fumava mais a tempos, apenas acendi meu cigarro. Foi pouco tempo de conversa depois daquele baseado, mas exatamente no momento que o Vitor pediu o isqueiro para acender a ponta, o Pézão solta uma frase que mudou a noite toda. “Ow mas sua mina é mó gostosa, imagina ela ó…” e fez um sinal com a mão se referindo à “boquete”.

De qualquer forma, essa não é uma frase que se pode dizer, principalmente entre amigos talvez. Mas óbvio que não foi a intenção do Pézão dar uma de “talarico”. Embora machista, talvez ele muito doido, tenha achado aquilo engraçado e nem percebeu a merda que fez. Enfim, aquilo obviamente mexeu com o Vitor e ele ficou vermelho de tanta raiva! Vermelho mesmo! Nem eu que andava com ele diariamente, tinha visto ele daquele jeito. Não demorou nada, saiu o primeiro soco em direção ao Pézão! A mão do Vitor é pesada, cravou na face dele, mas o Pezão sempre brigou na vida, desde pequeno, essa é sua fama. 

Logo de início o Vitor pulou de joelho no Pézão o machucando, assim, só dava pra ouvir o Duh estressado tentando separar os dois. Então rapidamente eu e o Duh começamos a segurar o Vitor, senão ele ia matar o Pézão ali. Acontece que, enquanto seguramos o Vitor, Pézão se aproveitou da oportunidade e deu um soco bem cravado no olho do Vitor. O Punk ficou furioso demais por ter sido segurado, que depois até deu uma bica no retrovisor do monza.

O Roxixo estava muito doido, e acho que nem acreditou ter visto aquela briga acontecer, aliás, ninguém sabe o que deu na cabeça dele, só sei que ele pegou a chave do monza, deu partida e começou a andar que nem doido ali no extenso estacionamento do cemitério. Ele ia até lá na frente, freava com tudo e depois voltava do nosso lado, freando com tudo de novo. Tudo isso enquanto a luta rolava solta. O Duh coitado, quando o Vitor conseguiu se soltar dos nossos braços, ele tomou uma cotovelada na cara que ficou até vendo estrelas. Eu sinceramente, já nem mais sabia se tentava apartar a briga, ou tentava parar o Roxixo com o carro em movimento.

Enfim, não demorou muito, o Pézão acabou fugindo com seu skate em direção à viela da ladeira, e o Vitor correu atrás dele com seu skate também, porém, nessa corrida ele acabou perdendo seu tênis, um Libra preto que ele gostava de usar pra andar no bowl. Mas agora até o Duh ficou furioso, puto por ter tomado uma cotovelada na cara. O Roxixo também parou o monza, e começou a falar o quão idiota foi aquela briga toda. Depois daquilo, acabou o rolê pra todo mundo, então, pegamos o carro e partimos, cada um para sua casa.


No dia seguinte, se não me engano era um sábado, o Vitor precisava pegar alguma peça de skate na ROCKERS, nesta época, a loja do Celião ainda ficava ali na rua que vai pro Dominguinho. Mas antes de irmos à loja, voltamos ao cemitério para ver se encontrávamos o tênis do Vitor na rua, mas não achamos não. Enfim, fomos até a ROCKERS, e quando chegamos lá, o Celião ficou puto de ver o Vitor às 9hrs da manhã, de toca, sem camisa e sem chinelo chegando na loja, literalmente parecendo que tinha voltado da guerra, e ainda cheirando álcool. Mas o Vítor também estava de óculos escuros para esconder o olho roxo, causado pelo soco do Pézão. O Celião não deixou de reparar que tinha alguma coisa errada nele, até que ele tirou o óculos e mostrou a pérola. Não pude deixar de falar que o Vitor tomou um pau! do Pézão. O Celião caiu na gargalhada e com certeza contou aquele ocorrido pra todo mundo depois, e por sorte também tirou uma foto daquele olho roxo.

Depois daquilo, o Pézão me mandou mensagem perguntando se o tênis dele tinha ficado no carro. Eu fui ver e realmente tinha ficado, fiquei de levar pra ele depois. Depois de deixar o Vitor na casa dele.

Mais tarde naquele dia, levei o tênis pro Pézão na casa dele. Lá a gente conversou sobre o ocorrido do dia anterior. Ele disse que não lembrava de ter falado aquilo do Vitor, disse que era coisa da cabeça dele que “ele tava dando em cima da mina dele”. Mas enfim, não sei hoje, depois de anos, se eles já se trombaram de novo na rua ou se já se resolveram. Mas que até hoje, sempre que nos reunimos pra tomar uma, eu e o Celião damos muita risada desse dia que o Vitor tomou um olho roxo do Pézão, sem dúvidas rimos!


Escrito em 2023.
















Fotofragia do acervo particular do Celião, 2014 talvez(?).

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